domingo, 24 de abril de 2011

Liga Europa - Análise ao Braga

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O actual processo de crescimento do Braga tem a duração de dez jogos (6 na Liga, 4 na Europa). O suficiente para saltar de 8ª para 3º lugar e atingir a meia-final da Liga Europa. Domingos apontou o jogo com o Benfica como o momento da viragem. Os resultados confirmam-no. No jogo, esse processo de transformação traduz uma solidificação de rotinas nos diferentes sectores e ligação entre eles. Uma equação táctica que, revendo esse ciclo de jogos, apenas identifica uma posição (dentro do habitual 4x2x3x1) susceptível de mutação: o médio-centro ofensivo de segunda linha.
A composição da defesa tem oscilado (lesões, saídas, castigos), mas a ideia está estabilizada (Na direita, com Miguel Garcia expondo menos as costas na recuperação; no centro, decisivo o crescimento de Paulão). No ataque, fixou Lima, remate e apoios, permitindo a Alan e Paulo César ora aguentar e centrar, ora ir para dentro e romper.
 
Está mais forte na transição defensiva (importante a capacidade dos alas baixar quando se perde a posse) reorganizando-se rapidamente atrás da linha da bola. Não tem dilemas morais em assumir um bloco-baixo em organização defensiva. Mudou um pouco a saída da transição ofensiva, menos apoiada do que no passado, agora mais em profundidade, metendo a bola nos alas.
A base táctica que lhe dá consistência está, porém, a meio-campo, agora com mais certezas do que duvidas. No duplo-pivot, Custódio cresceu na posição na medida em que menos sai dela. Deixou de ter a tentação de ir dobrar ou ajudar (para fazer superioridade zonal) o lateral nas alas. Tem colmatado bem as ausências de Vandinho. Viana, embora seja estruturalmente um jogador a diesel, dá-lhe o argumento do passe longo. É o único totalista posicional do sector nos tais dez jogos.
 
Desta equação do duplo-pivot saiu Salino, o mais forte a fazer transição em posse (estratégia que a equipa deixou de contemplar pelo centro), para surgir na tal única posição mutável do vértice ofensivo do triângulo do meio-campo. Três opções: Salino, Mossoró e Paulo César. Uma alteração que, por si só, muda o processo ofensivo (mais ruptura ou maior temporização).
Salino surgiu nessa posição nos jogos em que se previa maior pressão adversária (Liverpool, fora, e Kiev, fora e casa). A intenção era ter o sector (seus elementos) mais juntos, linhas próximas, ocupando espaços e, recuperada a posse, apostar na saída individual do mais veloz. Paulo César é o avançado tacticamente mais culto na temporização. Sabe gerir ritmos ofensivos e depois variar o 4x2x3x1 para 4x4x2 aproximando-se do ponta-de-lança. Foi o que fez contra Rio Ave, Olhanense e Beira-Mar. Mossoró surge quando o jogo fica mais anárquico ofensivamente e pede um 10 solto a surgir onde entra a bola, tabelar com alas e entrar de trás.
 
A frase pode parecer estranha mas, no fundo, o Braga tornou-se hoje, no campeonato, na equipa que melhor faz aquilo que…sabe fazer. Ou seja, entendeu os limites das suas capacidades e identificou a dimensão certa das suas qualidades.
" retirado do site do Luis Freitas Lobo, Planeta do Futebol

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