quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Entrevistas (VI)


Sábado, 18 de Outubro de 2008

Entrevista de Domingos Soares Oliveira


Entrevista concedida ao Jornal Público (
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Domingos Soares Oliveira, administrador da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Benfica, trocou em Maio de 2004 a consultoria pelo futebol. Diz que a sua origem sportinguista foi “uma questão explorada por algum tipo de oposição”. “O que me faz vibrar no Benfica é o mesmo que faz vibrar qualquer benfiquista”, diz este gestor, para quem o clube recebe muito pouco pelos direitos televisivos e tem nos sócios o seu principal activo.

Os direitos da Liga portuguesa estão vendidos até 2012/13. É garantido que o Benfica não renovará contrato com a Olivedesportos depois dessa data?
Essa é uma questão estratégica, que dependerá do que a próxima administração da Benfica SAD vier a tomar como decisão. O próximo mandato ocorre entre 2009 e 2012 e é nesse período que certamente será negociada ou não a renovação do contrato com a Olivedesportos. Não há nenhuma decisão fechada em relação a esse assunto, mas uma coisa é certa: tendo em conta todos os estudos que faz, seja em mercados internacionais ou nacional, seja associado às receitas que os seus jogos geram, o Benfica tem intenção de no futuro melhorar muito significativamente o contrato que tem neste momento. O Benfica recebe 7,5 milhões de euros por ano até ao final do contrato e recebeu um prémio de assinatura que fará com que estes valores possam chegar aos oito milhões de euros. Isto é manifestamente pouco. A média nos clubes europeus é de 50 por cento do total de receitas. O Benfica tem um total de receitas, sem venda de jogadores, entre 80 e 100 milhões de euros.

Portanto, o valor justo seria 40 milhões?
O valor justo seria 40 milhões. Depois poderia dizer-se que o investimento publicitário no mercado português é mais baixo. Podemos ter isso em consideração, mas não é certamente os 7,5 milhões que recebemos neste momento.

Esse valor não será alterado até 2013?
O presidente Luís Filipe Vieira tem sempre dito que os contratos são para respeitar. Se houver vontade do actual detentor dos direitos de propor uma renegociação, não deixaremos de olhar para ela. O Benfica manifestou n vezes o seu interesse em receber mais pelo contrato, mas não é por queremos mais que temos direito a isso.

De que maneira pensa que a crise financeira vai afectar os clubes portugueses?
Não conheço a situação dos outros clubes, mas no caso do Benfica ainda não sentimos isso com as assistências. Em todos os jogos até agora superámos aquilo que tínhamos previsto do ponto de vista orçamental. Também é verdade que tivemos grande jogos até agora, quer na pré-época (Feyenoord e Inter), quer nas competições europeias (Nápoles), quer no campeonato (FC Porto e Sporting). Até agora não sentimos esse efeito. Na adesão aos camarotes sentimos algum efeito ligeiro, mas mais por o Benfica não disputar a Liga dos Campeões. A adesão foi de 90 por cento, um pouco abaixo dos últimos anos, que andava nos 93 a 94 por cento. Podemos é sentir daqui para a frente, mas não vai afectar esta época, porque a receita de bilheteira está praticamente cumprida, porque se cumpre com os grandes jogos.

Há maior risco de impacto no crédito, nas transferências de jogadores ou na publicidade?
O Sporting inverteu um pouco a tendência, mas o Benfica nos resultados que vai apresentar não tem um impacto muito severo da não venda de jogadores. No exercício anterior, em 2006/07, o Benfica apresentou cerca de 15 milhões de euros de lucro, o que foi mais ou menos equivalente ao que obtivemos à venda de jogadores. A dependência extrema que outros clubes têm para equilibrar as contas não existe no nosso caso. Quando surgem boas oportunidades, temos feito alguns bons negócios, que permitem melhorar capitais próprios, ma não é necessidade absoluta para equilíbrio de contas. Todos os clubes vendem jogadores, mas o Benfica aguenta mais um ano se as condições não forem propícias. No crédito, temos sofrido como todos com as variações dos juros, mas o peso dos encargos financeiros é mais baixo do que noutros clubes. O que sentimos dos nossos parceiros é alguma tranquilidade. Nas transferências, os clubes mais pequenos, que se relacionam com Benfica, Sporting e FC Porto, acredito que não terão grandes problemas. Os clubes maiores que estão muito dependentes dos mercados italianos e, particularmente, inglês, poderão ter um pouco mais de dificuldade, mas isso é uma questão de diversificar.

Uma das questões de que se tem falado é a imposição de tectos salariais. Concorda?
Quando se tenta impor tectos salariais é porque não se confia a gestão que os responsáveis do clube fazem. O tecto salarial é um recurso, mas não é uma medida de gestão estratégica. Do lado do Benfica, e este ano a folha salarial aumentou ligeiramente, mantém-se em valores muito abaixo da recomendação do antigo G-14, que era ter uma massa salarial à volta de 50 a 55 por cento das receitas. O nosso total de receitas é 80 a 100 milhões e a massa salarial é inferior a 30 milhões. Haverá clubes em que se segue uma estratégia de maior risco e se os mercados se retraírem pode trazer problemas.

Olhando para o mercado português, qual é o limite que um clube poderá pagar?
Julgo que a questão não se deve colocar assim. Até pelo que li recentemente numa entrevista do presidente do Sporting, a capacidade que o Sporting tem não será idêntica à do Benfica. Além disso, há clubes que têm 20 a 25 jogadores e outros tem 60 jogadores. Sei que há jogadores que têm custos de dois a três milhões de euros por ano, mas é muito diferente se esse jogador custou 20 milhões ou chegou a custo zero.

Sócios investem 12 a 14 milhões de euros por ano

O Benfica fez dois empréstimos obrigacionistas. Tem mais alguma operação do género?
As duas operações correram bem. Esta última, em 2006, foi um sucesso, porque a procura foi praticamente o dobro daquilo que foi disponibilizado ao mercado. A procura foi de 39 milhões e disponibilizamos 20 milhões. É natural que continuemos com a política de disponibilizar aos adeptos do Benfica este tipo de instrumentos, que têm remunerado razoalvelmente bem quem investe no Benfica.

As acções do Benfica na bolsa estão abaixo de metade do preço de lançamento. Está satisfeito com o comportamento na bolsa?
Não estamos satisfeitos. Quem investiu cinco euros há sete ou oito anos e neste momento vê as acções a valer pouco mais de dois euros, não podemos estar satisfeitos. O comportamento das acções do Benfica não tem correlação directa com os resultados da empresa. Em Outubro do ano passado, divulgámos um resultado recorde do Benfica, com cerca de 15 milhões de resultados positivos, e a acção não mexeu. O que influencia o valor da acção é muito mais emotivo e muito menos racional. Creio que haverá um momento de maior maturidade, em que os mercados vão valorizar mais o que a empresa vale e não tanto os resultados de a bola bater na trave.

Já ouvi colegas seus da SAD dizer que é sempre uma possibilidade retirar as acções da bolsa. É realmente uma hipótese?
Os clubes ingleses já passaram por este processo. Em termos teóricos, não podemos rejeitar esse cenário. No caso concreto do Benfica, não estamos perto disso acontecer, até porque um dos nossos maiores activos são os sócios do Benfica. Todos os anos investem, sem qualquer retorno, 12 a 14 milhões de euros e não pedem um dividendo financeiro. Só querem um dividendo emotivo. Isso é único em termos nacionais. A dez anos de distância, significa que temos um accionista que investe 130 ou 140 milhões de euros e que nada pede em troca. É uma situação incomparável termos tantos sócios activos: 177 mil. Há naturalmente sócios, como os infantis que não pagam quota, e sendo a quota média à volta dos 100 euros.


O Benfica fez um investimento à volta de 25 milhões de euros e ainda tem no plantel, por empréstimo ou sem ter comprado a totalidade do passe, jogadores considerados caros, como Reyes e Suazo. Como surgiu esta capacidade?
Não há assim uma diferença tão grande entre o que investimos este ano e nas épocas anteriores. Em temporadas anteriores, comprámos muitos jogadores, se calhar por valores mais baixos, mas, se fizermos o somatório, vemos que não andam muito longe dos 25 milhões de euros. Este ano gastámos um pouco mais, mas não foi uma diferença drástica em relação a anos anteriores, mas vendemos menos, apesar de haver propostas para vários jogadores. Acho é que – e isto é um mea culpa generalizado – as contratações foram mais criteriosas. Houve uma preocupação muito grande por parte do responsável do futebol, Rui Costa, em procurar jogadores com provas dadas ou eventualmente miúdos, como o Sidnei, que são já claramente confirmações e referenciados pelos grandes clubes europeus. Esta aposta em jogadores com provas dadas é um trabalho meritório, porque se tem de convencer o jogador não só pela questão salarial, mas também por vir para um mercado mais pequeno, em que pode disputar um Benfica-Nápoles mas também um Leixões-Benfica. É preciso dose muito grande de tempo para convencer os melhores jogadores, não a virem para o Benfica, porque o nome vende sozinho, mas para virem para o campeonato português. É inquestionável que a qualidade dos nossos jogadores, como Reyes e Aimar, vem trazer um acréscimo de qualidade ao campeonato português.

Não ter vendido jogadores e ter investido mais significa uma aposta de risco?
Fizemos investimentos e eles têm ou não retorno. Todos os meses fazemos uma análise do valor do passe dos jogadores. E das aquisições que fizemos nos últimos três anos, haverá uma ou duas situações em que o Benfica não conseguiu recuperar no mercado o que pagou, mas a esmagadora maioria dos casos poderemos vender por um valor superior ao que comprámos. O Simão, por exemplo, foi uma aquisição muito cara, rendeu durante cinco anos e vendemos com mais-valia significativa. Por isso, risco era não conseguir colocá-los amanhã no mercado pelo valor que comprámos ou até com uma certa mais-valia.

Esta valorização, no entanto, também pode ter um lado negativo, nos casos, como Sidnei e Reyes, em que o Benfica não adquiriu a totalidade do passe. Se avançar para a compra do resto do passe, poderá ter de pagar mais caro?
Não lhe posso mais, mas são situações que estão acauteladas.

Nestes dois casos, pretendem avançar para a compra do restante passe?
Não lhe posso responder.

O Benfica pode não vender jogadores no final da temporada?
Pode.

Mesmo num cenário em que não se qualifique para a Liga dos Campeões?
É um cenário que não está a ser equacionado, como, sejamos honestos, também não estava para esta época. Numa situação de participação na Liga dos Campeões, conseguimos ter as contas razoavelmente equilibradas. Fazer a venda de um jogador pode dar-nos maior capacidade de investimento, mas se não fizermos não temos grandes problemas. Num cenário de não participação na Liga dos Campeões, obrigará a reajuste, mas não muito significativo.

Eventualmente vender um jogador?
Eventualmente. Mas também é preciso dizer que as duas participações que tivemos na Liga dos Campeões, em 2005/06 e 2006/07, atingimos 15 a 16 milhões de euros. Se formos à Taça UEFA, esse valor não desaparece, é menor, mas também tem um peso significativo. Só a eliminatória do Benfica-Nápoles deve ter rendido qualquer coisa como 1,5 milhões de euros. Vamos continuar a ter bons jogos em casa. No mínimo, metade do valor da Liga dos Campeões vai ser atingido e se formos às meias-finais poderemos estar perto dos 16 milhões de euros.

Mas verdade é que os clubes portugueses estão a conviver a partir deste ano com uma situação em que apenas um se apura directamente para a Liga dos Campeões. Isto tem um impacto importante?
Tem e vai certamente obrigar a reajustes. Os grandes clubes conseguem manter o seu ritmo de investimento e de custos estando um ano fora da Liga dos Campeões, mas não o conseguem se estiverem ausentes de forma continuada. Destes três clubes, só dois, ou eventualmente um, estarão de forma regular e continuada na Liga dos Campeões. É um problema que tem muito a ver com a debilidade do nosso campeonato em receitas televisivas, porque se tivesse a capacidade de um Villareal, Sevilha ou Atlético de Madrid de assinar contratos de 40 ou 50 milhões o peso da Liga dos Campeões seria menor.

No mercado de Janeiro, o Benfica vai contratar alguém? A posição de lateral-direito é deficitária?
Essa é uma decisão que compete em exclusivo ao departamento de futebol, mas se quiser reajustes haverá capacidade do Benfica.

“Não seriam precisos grandes investimentos em estádios para o Mundial 2018”

Os clubes continuam à procura de novas receitas. Ceder o nome do estádio a uma empresa continua a ser uma hipótese, à semelhança do que foi feito com o centro de estágios, ou o lado sentimental sobrepõe-se?
Não quero desvalorizar o lado sentimental, mas quando cedemos um naming, seja ele do centro do estágio, de bancadas ou de pavilhões, estamos a maximizar a receita do Benfica, para que possa investir no futebol, que é o que gera emoções. Não abandonámos esse caminho. Temos continuado a fazer propostas no mercado. São difíceis e complexas porque envolvem valores significativos, mas posso dizer que neste momento estamos a discutir essa solução com mais do que uma entidade. Não temos tido o resultado que queremos, mas não abandonámos esse cenário.

No caso do centro de estágio, essa receita valeu cerca de 15 milhões de euros...
Normalmente, não falamos dos valores dos contratos, mas é um valor significativo.

Quanto mais valerá o estádio do que o centro de estágio?

Um bom bocado mais.

O dobro o triplo?
Prefiro não dizer.

O estádio foi um dos grandes investimentos. Recordo-me de dizer que o estádio se paga a si próprio. Como é que isso foi feito?

A estratégia do Benfica tem sido um pouco diferente da dos outros clubes. O estádio custou cerca de 160 milhões de euros, incluindo todas as infra-estruturas adjacentes, como os pavilhões, as piscinas, o campo sintético. Na última reformulação do project finance, tínhamos em dívida 50 e tal milhões de euros às entidades financeiras e mais 15 milhões de euros à Somague. Quando dizemos que o estádio se paga a si próprio, quer dizer que o somatório de todos os contratos de namings e de arrendamento de espaços comerciais, que está cem por cento ocupada, é suficiente para permitir pagar o conjunto de prestações que faltam. Quando acabarem estes contratos, teremos outros, que permitem ter mais dinheiro disponível para investir na nossa actividade principal.

Quando é que o estádio estará pago?
A operação com a Somague termina em Janeiro de 2010. E no caso do project finance, 95 por cento estará pago até à mesma altura e o resto estende-se até 2013.

Já que falamos em estádios, a possibilidade de Portugal se candidatar à organização do Mundial 2018 juntamente com a Espanha está a ganhar força. Um estádio com 14 anos estará apto para receber Mundial sem grandes investimentos?
Estádios com 14 anos são estádios jovens. Há que entender que a duração dos estádios é de 40 anos. E em todas as deslocações internacionais que temos feitos e nas recepções de outras equipas e até de organismos como a UEFA, todos dizem que este estádio é moderno e continuará a sê-lo por muito tempo. E se olharmos para a organização do Euro na Suíça e Áustria, já passaram quatro anos e não são estádios mais modernos do que os nossos. Por isso, penso que não seriam precisos grandes investimentos.

Organizar um Mundial seria um bom projecto para o país?
Em conjunto com a Espanha temos muito a ganhar. Portugal é um país pequeno, a nossa própria competitividade futebolística interna é sempre limitada a três candidatos, e qualquer acção que tenha uma perspectiva mais ibérica é bem-vinda e pode ter sucesso.

“Não há um único clube que dê os jogos no seu canal”

A Benfica TV vai transmitir os jogos da Taça UEFA com o Galatasaray e o Metalist?
Ainda não há uma decisão. Desde o sorteio, temos estado num processo intenso no sentido de auscultar o mercado relativamente ao interesse dos canais generalista e da Sport TV em ter o jogo. E, por outro lado, estamos a estudar junto dos nossos patrocinadores principais a possibilidade de viabilizarmos a transmissão no canal do Benfica. Não escondo que a nossa preferência seria tê-lo na Benfica TV, mas não estou em condições de dar essa garantia definitivamente.

Tendo em conta o que foi a experiência do Nápoles, nesta altura quais são as probabilidades de a Benfica TV transmitir estes dois jogos?
Não quero falar em probabilidades. A primeira emissão correu muito bem e não falo apenas das questões técnicas, mas também do ponto de vista financeiro. Agora, também é preciso dizer que quando estamos na Taça UEFA é preciso maximizar as receitas televisivas. Só posso ter o jogo no canal do Benfica se conseguir maximizar as receitas. A nossa primeira escolha é a Benfica TV e só se não conseguirmos viabilizar financeiramente estas duas transmissões é que vamos para outras alternativas.

Não tendo o Benfica os direitos jogos da Liga, da Taça da Liga, da Liga dos Campeões e da Taça de Portugal, como é que vai garantir que o canal não dá prejuízo e é um projecto equilibrado?
Dos 20 maiores clubes da Europa, há 13 têm um canal de televisão. Não há um único clube que dê os jogos no seu canal, porque isso implica uma perca de receita significativa para os clubes. Pelas contas que já vimos, qualquer canal de televisão se põe a funcionar por verbas que variam entre os quatro e os dez milhões de euros e as receitas que obtêm só pela venda das Ligas supera muitíssimo esse valor. Colocar os jogos no canal é perder receita. O Benfica aqui não vai inventar nada, ao não colocar os jogos disponíveis no canal. Agora vamos, pelo facto de ter os diferidos, dar uma perspectiva mais benfiquista dos jogos e o futebol continua a ser o leitmotiv do canal. Sabendo que os custos são na casa dos quatro ou cinco milhões de euros, conseguiremos o equilíbrio tendo acordos de distribuição interessantes. Já fechámos com três plataformas e estamos em discussão com as restantes duas, a Zon e a Cabovisão. Por outro lado, temos de maximizar as receitas de publicidade e já aprendemos que num canal que não é generalista é difícil de conseguir, porque as audiências não são medidas de uma forma tradicional. Por isso, temos de nos socorrer dos nossos patrocinadores, e o Benfica tem cerca de dez patrocinadores, e desenvolver novos pacotes, que inclui não só, por exemplo, o patrocínio das camisolas, mas também um pacote de comunicação. Essa é a estratégia que estamos a desenvolver e a aceitação, não digo na totalidade, tem sido muito boa.

Quanto aos operadores, e essa é questão importante porque o jogo com o Nápoles chegou a relativamente pouca gente, 100 mil telespectadores, no caso da Zon deu a impressão de haver complicações. Há avanços?
A negociação com a Zon esteve parada muito tempo. Desde que confirmámos que iríamos avançar com o canal e assinámos o primeiro acordo com o Meo, não escondo que houve várias manifestações de interesse por parte da Zon. Neste momento, confirmo que estamos de novo em negociações. É prematuro dizer quando estarão fechadas.

Da consultoria e do sportinguismo ao Benfica

Fusão da Benfica Estádio e SAD...
Se esta operação for aprovada pelos sócios e accionistas, vai aumentar o universo da SAD. A SAD deixará de ser uma empresa cujos activos principais são os jogadores, para ser uma empresa que tem jogadores mas também tem um estádio integrado. É essa a via que estamos a traçar.

Passagem da consultoria para o mundo do futebol...

O que mais me entusiasma é o facto de estarmos a trabalhar num universo que não põe limites. Se hoje queremos lançar um canal de televisão, só temos de encontrar os meios. Se amanhã queremos uma estratégia para o canal asiático ou lançar um kit de sócios, só temos de encontrar os meios. A marca é muito forte, talvez a marca mais forte em termos nacionais. Ontem [segunda-feira] alguém me dizia que só a marca Portugal se pode comparar à marca Benfica e admito que sim.

No mundo da consultoria, das multinacionais e das empresas tradicionais, temos é de executar uma estratégia que está definida em Nova Iorque, Londres ou Paris., Há pouco lugar à criatividade. Também há desvantagens. O facto de ser uma marca muito emotiva leva a reacções emotivas, quando o resultado não aparece. O insulto gratuito ou azedos também fazem parte do nosso trabalho. Tudo o que fazemos tem como objectivo último dotar a equipa de futebol do Benfica de melhores condições.

A gestão de um clube e de uma empresa é a mesma coisa, até um determinado ponto. Mas depois há uma coisa diferente. O sócio procura a emoção, o resultado, ganhar campeonatos, enquanto nas empresas procuram o dividendo.

A sua origem sportinguista...
Essa é uma falsa questão. Desde o primeiro dia que me sinto em casa e o que me faz vibrar no Benfica é o mesmo que faz vibrar qualquer benfiquista. Foi uma questão explorada por algum tipo de oposição do que por pessoas da casa. Nestes quatro anos, Benfica teve grande estabilidade. Desde anos 90 e até 2003, teve seis presidentes e desde 2003 teve um presidente, com uma direcção que é mais ou menos sempre a mesma. A esse nível tem havido cumplicidade muito grande.

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Excelente entrevista dada pelo CEO do Grupo Empresarial do Benfica, Domingos Soares de Oliveira ao Jornal Público. Nesta entrevista os adeptos do Benfica ficam com uma melhor percepção sobre vários dossiers relevantes para a vida empresarial do Benfica (Direitos televisivos, Crise Financeira, Salários, Crédito, Bolsa, Compra e Venda de Jogadores, Receitas das competições europeias, Namings, Project Finance do Estádio da Luz, Mundial 2018, Benfica Tv, Fusão Benfica SAD e Benfica Estádio, etc.).

Por vezes assiste-se a comentários de adeptos sobre muitos destes temas, onde por vezes tentam passar uma imagem falsa da realidade do Sport Lisboa e Benfica. Atendendo também a esta situação foi importante que a pessoa indicada desse estes esclarecimentos públicos, que, diga-se de passagem, pelo menos a nós não trouxeram grandes surpresas.

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